Acordei cedo, liguei uma música. Com toda calma do mundo tomei minha caneca de café. É domingo.
A semana passou e eu nem vi. Sozinha.
Ouço Cartola:
"Quem me vê sorrindo pensa que estou alegre
O meu sorriso é por consolação
Porque sei conter para ninguém ver
O pranto do meu coração
Compreendi o erro de toda humanidade
Uns choram por prazer e outros com saudade
Jurei e a minha jura jamais eu quebrarei
Todo pranto esconderei."
Olho as pessoas à minha volta, estão elas exibindo sorrisos, felizes? me pergunto.
e estou em casa me fecho em músicas, e sou melodias como "Preciso me encontrar", Cartola, Tom, Belchior...
E vem meu irmão e me diz; "e você ficou sentida?"
Digo: "não, eu não sei."
Ele diz: "Pois é já era agora."
É estranho eu não saber, não lamentar, escrevo conversando comigo mesma. Sorrio e ninguém saberá.
Não posso voltar, não saberia o que levar na mala. Não saberia caminhar nas ruas e ser só uma imagem mascarada. E agora onde é o meu lugar, de todos os lugares, pra onde voltar?
Inerte danço a minha música, a garota do sorriso parado, intenções indiferentes. Escolho outras palavras, desvio olhares, e caminho por ruas que nunca caminhei. Como diz Cartola "disfarça e chora".
E tudo que possa a vir será moleza se comparado ao que passou.
E que venha com calma, para não sair correndo, porque todo mundo tem medo de entrega.
e como no filme O tempo que resta, eu digo "pra quê?".
A mesma estória
"Quem me ve passar calado e triste
Não resiste
E vem me perguntar o que causou
Esta transformação
Já estou cansado de contar aquela estória
Que é sempre a mesma estória
Que resume-se em desilusão
Preciso andar pra não pensar
No que passou e não chorar
Viver em paz e sepultar de vez
A minha grande dor
Confiante despeço-me dos meus amigos
E da cidade
Só voltarei quando encontrar felicidade"
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